Copy

Boletim do site Algumas Observações, da escritora Fernanda Rodrigues. Clique aqui para ler o e-mail no seu navegador.

Não obstante, os pássaros cantam

Entre estátuas, jardins, mares, cachorros e galinhas, meus pulmões continuam recebendo oxigênio. Apesar de parecer o oposto, pensar criticamente ainda é um modo que me força a manter a esperança. Existo na busca. Minha carne e meus ossos não me deixam desistir de ser lar, de me guiar para aquele espaço tão sozinho e tão meu.

Sem pensar muito, me vejo fazendo com que meu corpo ponha seus olhos míopes atrás da lente de uma polaroid. Aperto o botão e espero a mágica: o branco se transformando em cores congeladas para uma eternidade sem admiradores. O olhar que observa uma fotografia nascendo por trás das grossas lentes dos óculos consegue ver melhor?

Não tenho amigos que se preocupam se sou solitária em meio ao concreto, se me isolo em demasia no labirinto do sentir. Nasci em outro século. Sou capaz de amar, mas tenho dúvidas de que saiba receber amor. Convivo com um tornado permanente em minhas águas — fenômeno intrínseco que tem ficado mais forte a cada segundo e que há de me engolir algum dia. Meu olho-diretor segue falhando miseravelmente ao mensurar o quanto sou vazia nesse caos. Isso, de tão feroz e torto, me alimenta, do mesmo modo que meus ancestrais se convertem em oráculos.

Apesar das flores, o inverno me espreita segundo após segundo. Sou pantera criada e crescida em meio a lobos. Mais forte que o medo, vou fundo numa tentativa de me livrar de vez das amarras que me prendem à caverna de Netuno.

Há utilidade no rascunho, já diria um poeta amigo meu. Concluo que polaroides não dão conta — nada dá —, mas continuo registrando minha arquitetura fundada e construída à luz das diversas conjunções coordenativas adversativas prescritas pelas normas da gramática.

Nas retas verticais de cada prédio desta cidade há um resquício da curva do meu DNA. Minha bússola é turbina barulhenta sobre a cabeça. Ponho devoção em tudo que faço. Ainda que seja quase verão, faz frio e os pássaros cantam.

🎃Outubro

Os últimos dias me atropelaram de uma forma gostosa: teve muito trabalho, alguns (poucos) passeios. Além da mentoria de escrita e do grupo de estudos de escrita e crítica literária, foi agora em outubro que começou o Poesia ao Sol e à Sombra (dividir essas aulas com o Rafa tem sido um deleite). Tenho a sorte de ter alunas incríveis em todos esses grupos.

Foi também agora em outubro que o grupo de estudos/leitura de yoga moderado pela Anna Carolina Ribeiro voltou às atividades. Estamos lendo o Bhagavad Gita, um poema indiano que também é um tratado de yoga. Tem sido uma experiência muito gostosa, tanto de autoconhecimento quanto literária (acho que nunca tinha lido poesia indiana antes).

Você já teve alguma experiência de participar de grupos assim?

📙 Amanhã!

Amanhã, 31 de outubro, às 16h, estarei na mediação do lançamento do livro As 79 luas de Júpiter, das minhas alunas/amigas/inspirações Lucila Eliazar Neves e Leidiane Holmedal. Todos vocês estão convidados para participar desta live festiva conosco. Para definir o lembrete e ser avisado pelo YouTube, clique aqui.

Acesse a live aqui.

👋🏼 Até breve!

Acho que fui mais breve desta vez, mas é aquilo: se você leu até aqui, obrigada pelo carinho. Adoraria que você clicasse em responder e me contasse o que há na sua cabeça. 🙂💭 Como você está nessa reta final de 2021? Espero que, apesar de tudo e também por tudo, os pássaros continuem cantando por aí! 🐦

Até novembro!

Fernanda Rodrigues

💌 Inscreva-se:

Alguém querido te encaminhou esta newsletter? Clique aqui para se inscrever!

🤩 Sigam-me os bons!