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Boletim do site Algumas Observações.

Ardor

Dizem que viver no Brasil não é para amadores. Eu digo o inverso: só aguenta o tranco do nosso dia a dia quem de fato ama esta terra.

Eu luto pela minha sobrevivência em um protesto silencioso, austero, quase invisível, que ruge contra o egoísmo de quem olha em volta e só vê o próprio umbigo.

Dizem que o ideal é esperar o momento certo para agir, mas qual é a hora exata para a realização de um sonho? Transformo a minha dor em lutas. Me debato com o silêncio das palavras. É nesse reino que trago as minhas feridas à consciência.

Tento cantar a minha própria canção, uma que vibre tudo ao nosso redor. Sinto-me pronta para dizer que estou feliz por estar viva, mas algo me segura. Minha alma vive o futuro, e meu corpo segue no presente pandemicamente enclausurado.

Haja amor para viver no Brasil de 2020, nesse Brasil em que que sempre há uma voz sussurrando na minha orelha: “O que restará de tudo isso?” — ela sibila articulando sílaba por sílaba. Pessoas morrem, bichos morrem, plantas morrem. Observo a destruição enquanto a caneta desliza feroz pelo papel e Clarice, na minha estante, me relembra de que eu sou um bicho que — cedo ou tarde — também há de encarar a morte.

Meu protesto é silencioso, austero e quase invisível. Meus textos não são feitos para serem lidos em voz alta. Cada palavra que escrevo passa pelo cérebro e desce ao coração. Aliás, neste momento surge mais um embate: é possível protestar de forma racional e com o coração?

O centro de tudo é ser aquela que — apesar dos pesares — ainda ama. E que, por amar, ainda luta. De um jeito ou de outro, mas luta. Sendo um ponto no nada, uma voz baixa em meio ao caos, mas que não desiste da luta. Nesse sentido, não sou e nem faço textos para amadores.

Na foto: o meu diário.

2020 está estranho em todos os aspectos. Enquanto agosto voou, setembro se arrastou lentamente por aqui. Como continuo quarentenando em casa (6 meses e contando!), a sensação que tenho é que estou cada vez mais sem assunto, perdida do meu confinamento mental que já desistiu sem desistir de dar algum sentido a esta experiência de confinamento. Não sabia muito bem o que mandar para vocês, porque a minha vontade de produzir qualquer coisa que não fosse trabalho foi a zero. Foi estranho fazer 34 e não estar com os meus amigos tão amados. É estranho mudar de ciclo com um vírus letal batendo à porta.

Quando a Aline me presenteou com o caderno da foto, fiquei pensando muito o que colocaria nele. Com uma capa tão linda dessas (e folhas sem pautas do jeitinho que eu amo!), eu não queria gastá-lo com qualquer coisa. Acabei fazendo dele um diário — que agora está quase no fim (faltam só 4 páginas!). A crônica acima é um trecho dele, uma entrada do dia 25 de setembro, que eu quis compartilhar com vocês. 

Desde já, peço desculpas se estiver sendo, de algum modo, monotemática ao longo das newsletters (e dos posts no blog). São muitos sentimentos e pouco espaço para dar vazão a eles. I still haven't found what I'm looking for. Será que a quarentena acaba um dia? 
 
O azul está aí para me lembrar de que enquanto houver afeto, há vida:
nos pequenos sabores,
na volta ao quarteirão,
na carona familiar,
nas turbinas que levam e trazem gente sobre a minha cabeça,
no afago das gatas,
no livro quase terminando
(e nos tantos outros por começar).
O azul me lembra que não há linha no horizonte que dê conta da quantidade de ideias que habitam a minha cabeça, desejosas de experienciarem o mundo.


Poema que postei no meu Instagram ontem.

Quase não escrevi no blog este mês (o que me deixa um pouco frustrada, porque eu vinha em um ritmo bacana e não queria tê-lo perdido). De qualquer forma, seguem os links do pouco que rolou e a promessa de estar mais presente em outubro:

Setembro

Agosto

Por fim, mas não menos importante

A greve dos Correios acabou, então agora já consigo enviar livros novamente. Quem quiser ter um exemplar do A Intermitência das Coisas ou da Amor e Resiliência, pode mandar um e-mail (contato@algumasobservacoes.com) ou adquirir pela loja do blog. ;) 
Gostou do papo? Que tal responder a este e-mail contando o que você anda pensando? Vou AMAR continuar esta conversa!

Feliz primavera!
Beijos e queijos,
Fernanda Rodrigues

Espalhe por aí!


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